A performance Boulevard & Gardênias, criada coletivamente é parcialmente inspirada na peça “Paparazzi” do dramaturgo Matéi Visniec e seu universo de desencanto; o Ator/Manipulador Jef Cecim e Dudu Lobato conduzem-se entre imagens quebradas e personagens falsos, ideias grotescas e inclinações ao bizarro do cotidiano, tudo é material para a destruição, para estilhaços de linguagens, um pastiche feito de teatro de formas animadas, de vídeos, músicas, sonoridades eletrônicas, textos “nonsense” e absoluta rebeldia avessa ao bom mocismo vigente, a chatice do mundo e das artes atuais, não há aqui mensagens edificantes nem corretas, não há bandeiras nem “lugar de fala”.

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A reunião desses artistas incluindo a direção de Nando Lima deu-se no Estúdio REATOR nos últimos quatro meses, lugar/laboratório onde se exercita o desmanche das regras, o experimentalismo, e as dificuldades de sempre buscar o frescor e o prazer do desconhecido e das releituras, de virar ao avesso obras e artistas que admiramos; nesse caso específico olhamos também para Arthur Omar, Tadeusz Kantor, Pedro Cabrita Reis, além de revisitar "LIMITE" o filme de Mário Peixoto. Não temos pretensão de inventar novidades, mas somos despudorados na deglutição, o risco é nossa pauta.

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Como resultado a performance surgida: “Boulevard & Gardênias” apoia-se no “vaudeville” porém num tom distópico, perto do sarcasmo, que tenta desencarcerar também os espectadores da vitrine das vaidades em que nos acostumamos a frequentar. Buscamos exacerbar os subtextos, as ironias, em busca de um tratamento de choque; ou como diria o Jef, - Choque de monstros!

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Monstros materializados nas figuras e personas como a “TransHumana Máquina de Bebidas”, composta com um velho manequim e uma caixa de som, ou “Gertröix, a Polaca” uma “boneca de vestir”, objetos de interação que são próteses para os performers Dudu e Jef, delinear suas ações e colocarem as intenções em movimento.

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Compondo a cenografia Imagens de vídeos grafitam texturas sobre placas de poliestireno, situando ou insinuando essa realidade polidimensional, criando um ambiente, um “plano geral” construído durante a ação pelos performers que algumas vezes aparecem com máscaras de animais, pontuando quase uma fábula que tramita entre o fogo da luz solar e a escuridão urbana; Entre brancas flores macias e perfumadas e o asfalto negro e rígido, situa-se a condição humana, a percepção, o sensório, as regras e o caos das atitudes diárias, vivemos em uma época avassaladora. Nossa humanidade está sob ataque, a pergunta é – E quando foi que não estivemos? Quando essa condição/cidade foi outra?

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Boulevard & Gardênias, deplora os gestos dos velhos humanos que se refletem nessa poça turva, a urbe coalhada de becos onde pisamos nas tábuas de palcos podres, e então e por isso sugerimos: queimem os teatros, não precisamos deles...

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